Texto por Mônica Hoff sobre "Ao Pe do Ouvido" e "Andamento"

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“Porque a vista é sentido que nos separa das coisas, e o ouvido sentido que nos mergulha nelas.” Para Vilém Flusser, o mundo visto é circunstância e o mundo ouvido é um mundo participado. Segundo o filósofo, o primeiro se trata de um mundo substantivo; o segundo se apresenta como um mundo verbal em que vozes e sons nos chamam ao mesmo tempo em que correm no sentido contrário às nossas próprias vozes. Porque o som não é algo, mas alguém. E Félix Blume sabe disso melhor do que ninguém. Nos três meses em que residiu em São Paulo percorreu incansavelmente a cidade. Sobretudo, a escutou. Dessa investigação tão disciplinada quanto exaustiva, surgiram dois trabalhos: Andamento e Ao pé do ouvido. O primeiro, uma instalação sonora composta pelos sons de passos coletados em diferentes bairros de São Paulo que ganham materialidade na forma de sapatos, os quais juntos conformam uma espécie de Concerto para Sapatos. O segundo, uma escuta atenta das vozes que estão chegando a São Paulo e seus sonhos com relação à cidade, que apresentadas juntas em pequenas caixas de som emaranhadas congregam um sonho coletivo.

Texto por Mônica Hoff, curadora responsável pelo acompanhamento curatorial do Ciclo II do Pivô Pesquisa 2022

Félix Blume foi artista residente do Ciclo II do Pivô Pesquisa 2022

https://felixblume.com/aopedoouvido/
https://felixblume.com/andamento/